sábado, 9 de abril de 2011

Tragédia na escola de Realengo - RJ


                             Era apenas um rapaz tranquilo...


“Ele era um rapaz tranquilo. Na dele, não tinha amigos, mas era calmo. Ia da casa para o trabalho, do trabalho para casa. Era quietão, ficava só no computador. Ele era bem fechado, é verdade, mas ninguém imaginava que pudesse fazer uma coisa dessas”, dizem os vizinhos.
Parece que a história se repete, em países e em situações diferentes. Jovens sentem-se rejeitados, ridicularizados, humilhados. Isolam-se e, cheios de rancor, seguem seu caminho, quase sem ser notados. Nos habituamos a passar por essas pessoas sem prestar atenção nelas. É aí que mora o perigo.
Em uma sociedade que supervaloriza celebridades e "sub-celebridades", pessoas comuns, longe das câmeras, não recebem sequer uma “espiadinha”, e assim podem ser tentadas a se tornar conhecidas pela prática do mal. A mágoa de não ser querido ou respeitado pode envenenar, e quem é adoecido por ela vira alvo fácil para ideologias, movimentos estranhos, até para seitas ou grupos extremistas. Daí, só um passinho a mais, e o ódio se torna ação violenta e incompreensível. A frase é forte, mas é verdade: “em um mundo cheio de desprezados e rejeitados, o diabo tem matéria prima de sobra para suas fileiras de guerra”.
Hoje, um tipo de mal que parecia só acontecer em lugares longínquos dá as caras em nosso país. Por isso precisamos pensar em como impedir que novos envenenados surjam por aqui. E não adianta se esconder, reforçar a segurança, aumentar o tamanho das grades que já temos.
Sabe-se que o melhor remédio contra o ódio é o amor. A melhor saída contra o desprezo que envenena é o cuidado e atenção para com aquele colega, na escola ou no trabalho, que parece isolado, que aparentemente não tem amigos, que clama silenciosamente ou que dá sinais de que precisa de ajuda.
Os conselhos bíblicos em Romanos 12 são muitos (vale a pena ler o capítulo inteiro), mas lembro aqui alguns trechos: “Amem uns aos outros com o amor de irmãos em Cristo, e se esforcem para tratar uns aos outros com respeito (...) Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram. Tenham por todos o mesmo cuidado (...) Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem”.
Hoje, conversando com alunos sobre a tragédia na escola em Realengo, uma professora colocou bem a situação: “Alguém me disse estar feliz porque mataram o assassino. A gente na verdade deveria ficar triste porque ninguém lhe deu a mão ou o salvou a tempo, quando ele ainda estava na sala de aula como vocês estão hoje”.
No meio da consternação e luto, lembremos de dar atenção, carinho e direção agora, para que não precisemos chorar depois pelas vidas tiradas por alguém vencido pelo mal. Deus nos abençoe com seu amor, que é abundante o suficiente para todos, e que aumenta em nós à medida em que o repartimos.

Pastor Herivelton Regiani
Capelão do Colégio ULBRA Cristo Redentor, Canoas – RS

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